Bicudo

O Bicudo, Oryzoborus Crassirostris Maximiliani (Cabanis, 1851), sem sombra de dúvida, é o mais aristocrático dos pássaros canoros. Possui canto melodioso, rico em notas e com voz flauteada. Toma postura ereta ao cantar, com o peito empinado e a cauda abaixada, destacando sua valentia e disposição para disputas territoriais. A frase musical do canto dos bicudos apresenta, por vezes, mais de 20 notas.

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Muitos são os dialetos de canto de bicudo, originados nas várias subespécies e em diferentes regiões, pois já foram encontrados do norte da Argentina até o Sul do México. Há quem afirme tê-los visto no sudoeste da África. Já é considerado extinto no estado de são Paulo (Santos et al. 1995) e muito raro em outras regiões.

Prefere regiões de clima quente, com temperatura acima de 25°. Habita veredas com arbustos, beira de capões e brejos, principalmente onde haja o capim-navalha (Hypolytrum pungens), navalha-de-macaco (Hypolytrum schraerianum ) ou a tiririca (Cyperus rotundus) seus alimentos básicos na natureza. Aprecia ainda o arroz (Oryzo – Arroz / Borus – Aquele que gosta de ), o que colabora muito para o seu desaparecimento, vitimado por agrotóxicos.

As subspécies de maior destaque são:

Oryzoborus crassirostris (Bicudinho-belenzinho)
Oryzoborus m. maximiliani (Bicudo-verdadeiro)
Oryzoborus m. gigantirostris (Bicudo-pantaneiro)
Oryzoborus m. atrirostris (Bicudo-do-bico-preto)
Oryzoborus m. magnirostris (Bicudo-pataneiro-grandão)

Na média das subespécies pesa cerca de 25 g, apresenta um comprimento de 16 cm e uma envergadura de 23 cm, o que lhe confere a capacidade de voar muito rápido e por longas distâncias. É dotado de ótima visão e possui bico grosso e cônico, próprio para esmagar sementes.

Quando adultos os machos apresentam coloração preta, com uma mancha branca na parte externa das asas. A  parte inferior das asas apresenta nuances de branco. Seu bico é branco ou manchado na maioria dos bicudos. Os da subespécie Astrirostris apresentam seu bico totalmente preto.

As fêmeas e os filhotes apresentam coloração parda, em tons de castanho.

Durante a maior parte do ano são encontrados aos casais. Territorialista por essência, demarca para si uma área circular com cerca de cem metros de raio, que defende contra todos os intrusos. As disputas por território e pela simpatia das fêmeas apresentam forma de desafio de canto, dificilmente chegando à agressão física. Essa característica permitiu ao homem a organização de torneios, com disputa de cantos entre bicudos colocados próximos uns dos outros. Nos meses do Outono é comum encontrar-se bandos de filhotes e adultos, que costumam migrar para locais mais quentes durante o frio do inverno.

Na natureza não há registro de exemplar que tenha vivido mais de dez anos, porém em cativeiro atingem, facilmente, 30 anos ou mais, por receberem dieta balanceada, cuidados sanitários e pela ausência de predadores. Atinge a maturidade sexual com cerca de dois anos e meio. Com a sucessão das gerações reproduzidas em cativeiro estão se tornando mais precoces, com machos iniciando a reprodução com dois anos e as fêmeas com um ano e meio.

As posturas são de dois ovos (excepcionalmente três) e o período de incubação variando de 13 a 15 dias, conforme as condições de temperatura ambiente e umidade relativa do ar. A estação reprodutiva vai de outubro a março e um casal pode tirar até três ninhadas no período. Na maioria das vezes o resultado de uma ninhada é um casal de filhotes.

Atualmente são reproduzidos com certa facilidade em cativeiro, e é essa a grande garantia para a perpetuação da espécie. O Governo Federal, através do IBAMA, incentiva, orienta e normatiza procedimentos para a manutenção e transferência de posse dos pássaros silvestres reproduzidos em cativeiro.

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